Impacto da Reforma Tributária: muito além do departamento fiscal das empresas

Impacto da Reforma Tributária: muito além do departamento fiscal das empresas

A Reforma Tributária representa uma das maiores transformações no sistema fiscal brasileiro desde a Constituição de 1988. Aprovada em dezembro de 2023, tem como principal objetivo a unificação de impostos e a simplificação do sistema tributário do país.  

Dessa maneira, a proposta prevê a substituição de cinco tributos atuais: PIS, Cofins e IPI (federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal), por um modelo baseado no IVA (Imposto sobre Valor Adicionado).  

Mas, ao contrário do que muitos ainda pensam, seus efeitos não se restringem apenas ao setor fiscal. A nova configuração tributária exige atenção estratégica de diversas áreas da empresa, desde processos fiscais e jurídicos até TI e gestão de dados. 

Segundo especialistas, o sucesso nessa transição depende da capacidade das organizações de enxergar o impacto da Reforma de forma transversal. Isso significa quebrar silos, revisar processos e, principalmente, antecipar cenários que exigirão adaptação e tomada de decisão rápida. 

Neste artigo, vamos explorar como a Reforma Tributária afeta diferentes áreas das empresas, o que já se sabe sobre a implementação prática das novas regras e por que o planejamento, mais do que nunca, se torna uma vantagem competitiva. Confira! 

O que a Reforma Tributária vai afetar? 

A Reforma Tributária representa uma transformação estrutural que atravessa toda a lógica de funcionamento das empresas. O impacto real vai muito além do departamento contábil, pois afeta: 

• A precificação de produtos; 

• Os sistemas de tecnologia; 

• Os processos internos; 

• As estratégias de marketing; 

• A cadeia de fornecedores; 

• E até os modelos societários. 

Apesar da transição ser gradual até 2033, o prazo para adaptação é mais curto do que muitos imaginam. As primeiras mudanças operacionais começam já em 2026, e a Receita Federal já iniciou, em julho de 2025, os testes práticos da CBS com 500 empresas de diversos segmentos da economia. 

Segundo Carlos Henrique Girão, presidente do Comitê Especial da Reforma Tributária da FCCE, esperar por mudanças nas regras ou por um adiamento do cronograma é um erro estratégico. “A engrenagem fiscal já está girando”, alerta Girão.  

Ele reforça que a reforma exigirá revisão de contratos, renegociação com fornecedores, redesenho societário e, em alguns casos, uma reestruturação completa das operações com os stakeholders — e tudo isso demanda tempo, preparo e visão de futuro.  

“Diferentemente do que muitos pensam, a reforma tributária já começou e quem subestimá-la e não se preparar, corre o risco de perder mercado ou até de fechar as portas”- . [Fonte: https://www.contabeis.com.br/] 

Quem vai ser impactado pela Reforma Tributária ? 

A nova tributação vai atingir praticamente todos os setores da economia brasileira, desde as grandes indústrias até aos pequenos varejistas e, no fim das contas, o próprio consumidor. 

A transição do modelo atual, conhecido pela complexidade e cumulatividade, para a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) deve alterar a forma como produtos e serviços são precificados, afetando diretamente a estrutura de custos e a competitividade das empresas em toda a cadeia produtiva. 

Mas esse impacto não será o mesmo para todos. Setores com maior carga tributária ou que dependem de insumos importados tendem a se beneficiar da desoneração. Já áreas como a de serviços podem sentir um aumento nos encargos. 

Além do setor produtivo, governos estaduais e municipais também serão impactados, especialmente pela redistribuição da arrecadação e pela necessidade de adaptação dos sistemas locais. Já para o consumidor, os efeitos virão principalmente na precificação dos produtos e na transparência dos tributos embutidos. 

Como a nova tributação afeta cada uma das áreas? 

A essa altura você já deve ter compreendido que a Reforma Tributária não impacta apenas o departamento fiscal e exige uma revisão estrutural completa. A seguir, mostramos como cada área das empresas será impactada na prática: 

Compras e suprimentos 

As equipes de compras precisarão reavaliar a maneira como avaliam e escolhem seus fornecedores. Hoje, muitos contratos são fechados com base em benefícios fiscais regionais ou regimes tributários mais vantajosos. Com a Reforma Tributária, esse tipo de vantagem tende a desaparecer, já que o novo modelo unifica tributos e reduz a influência da localização geográfica na carga tributária. 

Na prática, isso significa que o critério fiscal, antes decisivo, perde relevância. Sendo assim, o foco passa a ser a eficiência operacional: prazos de entrega, qualidade dos insumos, capacidade de atendimento e logística serão os principais pontos de análise. 

Além disso, vários contratos precisarão ser renegociados. Isso porque, cláusulas que previam benefícios fiscais específicos podem se tornar obsoletas ou gerar desequilíbrios entre as partes.  

Marketing, Vendas e Comercial 

A nova tributação terá impacto direto na precificação de produtos e serviços, o que afeta desde o posicionamento de mercado até o planejamento de promoções e campanhas.  

O “preço de gôndola” pode sofrer alterações expressivas — tanto para mais quanto para menos — e isso exigirá agilidade das equipes comerciais e de marketing para ajustar estratégias, comunicar variações ao consumidor e recalcular margens. 

Jurídico e Compliance 

O fim da guerra fiscal entre estados altera profundamente o cenário jurídico-tributário brasileiro. Decisões estratégicas como a instalação de centros de distribuição, antes guiadas por incentivos fiscais regionais, passam a ser pautadas por critérios logísticos e operacionais.  

A área jurídica terá papel central na interpretação das novas normas e na revisão de contratos, além de acompanhar os desdobramentos regulatórios durante o período de transição. 

Logística e Operações 

As mudanças na tributação do transporte e na forma de recolhimento ao longo da cadeia exigirão uma revisão nas rotas, nos contratos de frete e até na escolha de parceiros logísticos. A localização de centros de distribuição deverá ser reavaliada com foco em agilidade e redução de custos logísticos, uma vez que o fator tributário perde peso nessas decisões. 

Tecnologia e Sistemas 

A área de TI será um dos pilares da adaptação à nova tributação. A Reforma exigirá mudanças profundas em ERPs, plataformas de gestão e integração fiscal.  

De acordo com uma pesquisa realizada pela Systax — maior detentora de regras fiscais estruturadas do Brasil —, 28% das empresas afirmam que o principal impacto da Reforma Tributária será a necessidade de atualização de tecnologias e sistemas. O levantamento, que contou com a participação de 91 grandes companhias brasileiras, revela o quanto a TI será protagonista nesse processo de transição. 

Além das atualizações técnicas, será necessário revisar automações fiscais, validar parametrizações e garantir a consistência dos dados. A TI também deverá atuar de forma integrada com áreas como fiscal, jurídico e financeiro para assegurar que os processos estejam aderentes às novas regras. 

Recursos Humanos 

A implementação da nova tributação exigirá um esforço significativo de capacitação. As equipes precisarão entender as novas regras, aprender a lidar com os impactos em suas rotinas e adaptar processos. O RH terá um papel estratégico na criação de trilhas de aprendizagem, treinamentos internos e ações de comunicação clara e contínua durante o período de transição. 

Dados 

A qualidade da informação será um dos pilares para lidar com a nova estrutura tributária. Uma gestão de dados robusta e estruturada será essencial para evitar erros de apuração e garantir o aproveitamento correto de créditos. Será necessário revisar e padronizar cadastros de clientes, fornecedores e produtos, além de usar simulações baseadas em dados para projetar cenários e tomar decisões mais assertivas. 

 Processos

A Reforma Tributária exige uma verdadeira reengenharia de processos empresariais. Mapear, redesenhar e padronizar fluxos de trabalho passa a ser fundamental para garantir conformidade, agilidade e segurança nas operações. 

Além disso, mais do que nunca, é preciso entender os processos antes de tentar adaptá-los às pressas. Como destacamos em nossa newsletter no linkedin: implantar mudanças sem uma visão clara da estrutura atual pode gerar mais caos do que resultado. E no contexto da Reforma, isso pode significar falhas operacionais, desperdício de recursos e até passivos tributários. 

Lembre-se: o sucesso na adaptação à nova tributação passa, antes de tudo, por processos bem compreendidos e estruturados!  

Quais são os setores mais impactados pela nova legislação? 

A Reforma Tributária vai provocar impactos em praticamente toda a economia, mas alguns setores sentirão essas mudanças com mais intensidade, seja pelo aumento ou pela redução da carga tributária, pela reestruturação dos créditos ou por ajustes logísticos e operacionais. 

Indústria, comércio, agronegócio, transporte, serviços e setor financeiro estão entre os segmentos que devem passar por transformações mais significativas. A indústria, por exemplo, tende a se beneficiar da não cumulatividade mais ampla e do crédito financeiro mais transparente.  

Já o setor de serviços, que hoje é fortemente baseado em regimes com alíquotas mais baixas, pode enfrentar um aumento na tributação, especialmente em atividades com menos insumos dedutíveis. 

O agronegócio e o setor de transporte também precisarão rever suas cadeias logísticas, já que a nova estrutura elimina distorções regionais e pode alterar pontos estratégicos como a localização de centros de distribuição. 

Outsourcing de TI como impulsionador da adaptação à Reforma tributária  

A Reforma Tributária impõe uma transformação tecnológica e operacional tão complexa que muitas empresas não conseguem enfrentá-la contando apenas com recursos internos. 

Diante desse contexto, diversas empresas têm recorrido ao outsourcing de TI como estratégia para acelerar a adaptação às novas regras, garantir segurança nas operações e assegurar conformidade tributária. 

Assim, as organizações passam a contar com especialistas focados em atualizar, monitorar e gerenciar os sistemas essenciais para o cumprimento das exigências fiscais. Além disso, essa parceria permite: 

• Atualizações constantes diante das mudanças legais, sem sobrecarregar a equipe interna. 
   

• Automatização e integração entre sistemas legados e novas plataformas fiscais. 
   

• Monitoramento proativo para prevenir erros e reduzir riscos de autuações. 
   

• Flexibilidade operacional para escalar tecnologia conforme a demanda tributária.

Como posso preparar minha empresa para a Reforma Tributária e sair na frente? 

Para sair na frente na preparação para a Reforma Tributária, o ideal é adotar uma abordagem estratégica e estruturada, que envolva diferentes áreas da empresa. Pensando nisso, o time da Selbetti reuniu algumas orientações práticas para você que quer preparar sua organização com estratégia e segurança!  

1. Monte um comitê multidisciplinar 

Uma das primeiras ações recomendadas é a criação de um comitê multidisciplinar, reunindo profissionais das áreas fiscal, jurídica, contábil, TI e operações. Esse grupo será responsável por revisar contratos, mapear impactos nos processos internos, alinhar expectativas com fornecedores de software e conduzir o planejamento de capacitação das equipes. 

2. Mapeie contratos, rotinas e sistemas 

Faça um diagnóstico completo dos processos tributários e operacionais da empresa. Verifique quais contratos precisarão ser atualizados, quais sistemas de ERP exigirão ajustes e como isso afeta seu fluxo de caixa, precificação e cadeia de fornecedores. 

3. Capacite suas equipes para a nova realidade tributária 

A Reforma Tributária exige uma mudança de mentalidade. Por isso, invista na formação contínua dos profissionais das áreas fiscal, contábil, jurídica e de TI, garantindo que compreendam tanto os novos tributos quanto os impactos nos processos do dia a dia. Um time preparado é a chave para evitar erros, reduzir riscos e responder com agilidade às mudanças. 

4. Construa um plano de transição estruturado 

Não espere as mudanças entrarem em vigor para agir. Elabore um cronograma de adaptação gradual, com prazos definidos para revisão de sistemas, ajustes nos cálculos tributários, testes operacionais e treinamentos. Simule diferentes cenários de impacto financeiro e operacional para embasar decisões estratégicas e evitar surpresas no futuro. 

5. Conte com o apoio de uma consultoria especializada 

Ter ao lado uma consultoria empresarial é capaz de oferecer uma visão técnica e personalizada sobre os impactos da reforma em cada setor da empresa. Essa parceria pode acelerar diagnósticos, evitar erros e orientar decisões com base em cenários reais. 

Como a Selbetti Business Consulting pode ajudar sua empresa a se preparar para a Reforma? 

Como já citado, a Reforma Tributária impacta de forma multidisciplinar todas as áreas da empresa. Por isso, contar com uma consultoria estratégica com mais de 20 anos de experiência no mercado faz toda diferença para garantir uma adaptação segura e bem planejada.  

Nossa equipe combina experiência prática em gestão de processos, tecnologia da informação e análise de dados para ajudar você a enfrentar as mudanças com segurança e agilidade.  

Atuamos na adequação de ERPs, reorganização de rotinas internas e preparação dos times, sempre com foco em resultados reais. Não oferecemos soluções genéricas, construímos estratégias sob medida, alinhando pessoas, sistemas e práticas para que sua empresa esteja pronta para o que vem pela frente!  

Conheça agora a consultoria estratégica da Selbetti Business Consulting e veja como preparar sua empresa com segurança, agilidade e inteligência!